Comprometer a saúde
em nome da beleza não é o caminho!
Nos dias de
hoje, a ideia de beleza e saúde
que ronda a cabeça da maioria das pessoas é de assustar. Quase todos sonham com
um corpo perfeito, esbelto, músculos definidos e pele bronzeada. Até aí, tudo
bem. O problema é querer atingir esse objetivo a qualquer custo e, o que é
pior, o mais rápido possível. Com isso esquecem de um "pequeno
detalhe": cada pessoa tem os seus limites e deve respeitá-lo.
Eu,
Priscilla de Arruda Camargo, sou Profa. de Ed. Física pela USP, especialista em
saúde, qualidade de vida e exercícios no envelhecimento pela Faculdade de
Medicina da USP e muitos cursos de nutrição visando bem-estar. Há 20 anos estou
no meio de academias e há 15 produzindo conteúdos de saúde e qualidade de vida.
Me tornei uma Consultora em Qualidade de Vida. Por 12 anos coordenei e atendi
no Depto de Aval. e Orientação Física das Academias Runners. Participo de
vários programas, pautas de revistas, sites e vídeos fornecendo dicas para
atingir o equilíbrio em saúde e bem-estar. Como equilibrar? É o que explico em
atendimentos, palestras e matérias, iniciados em 1991.
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Palestra no Sírio Libanês, no Evento Health 2.0 sobre Mídias Sociais em Saúde |
Desde a
hora que acordamos, ou melhor, desde o momento que vamos nos deitar já existe a
preocupação de que tenhamos oito a dez horas de sono assim estaremos mais
dispostos a enfrentar a batalha do dia seguinte. No café da manhã devemos optar
por alimentos integrais, frutas, leite extra desnatado, açúcar nem pensar e
assim nossa alimentação segue o curso do dia, tudo para se economizar algumas
gordurinhas que poderíamos acumular. Aí vamos para o trabalho, segue a saga ...
muitas vezes almoçamos ou lanchamos aquilo que é possível e disponível e o
estresse aumenta.
As
conversas que ouço nos corredores das academias, nos post das redes sociais, na
mídia, através de celebridades que até passam mal por quererem estar –
extremamente – magras, são alarmantes. Elas giram em torno de dois inimigos do
ser humano nesse século: a fita métrica e a balança. Existe a confusão de estar
magro com ser saudável. Muitas vezes pessoas POUCO acima do peso são mais
saudáveis do que as muito magras. Por exemplo, colesterol elevado pode ser por
produção endógena (que o corpo produz) e não por excessos na alimentação.
As mulheres,
preocupadas apenas com a balança, quase não comem ou adotam dietas totalmente
desbalanceadas. Os homens, de olho na massa muscular, fazem treinamentos exagerados
de musculação, ultrapassando seus limites e sem as compensações necessárias.
Outro dia estive em um parque da cidade e algumas cenas me chocaram. Vi muitos
"atletas de final de semana", a maioria acima do peso ideal,
praticando uma modalidade que parece - repito, parece - estar ao alcance de
todos. Estou falando da corrida, que é um exercício para quem já está tem um
bom condicionamento físico. Cuidado gente! Quantas vezes não atendi na academia
pessoas com articulações lesionadas por excesso de impacto, de esforço. O
que nos faz estar saudável e “em forma” é o hábito, não a exceção. Não é o
brigadeiro ingerido no final de semana que vai jogar por água abaixo os bons
hábitos alimentares de uma semana. Como também não é passar o dia todo comendo
abacaxi ou maçã para recuperar o que se fez de errado nos outros seis dias. E por
aí vai...Alimento não melhora a saúde, mas bons hábitos alimentares, sim!
O problema não termina
aí. Há ainda quem acredite que sem dor exagerada não se melhora o preparo
físico. Nada mais errado: dor tem a ver com incômodo, mau-humor e quase sempre
é um sinal de problemas ou um aviso de que o corpo está sofrendo com o excesso
de exercícios. O exagero sempre faz mal, até quando o assunto é exercício. Está
mais do que provado que, para entrar em forma, não se pode ultrapassar os
limites. Passar por cima deles é o mesmo que procurar uma lesão ou até
problemas bem mais sérios como um infarto e lesões incapacitantes que
inviabilizarão a continuidade dos bons hábitos. Infelizmente para prevenção de
osteoporose, por exemplo, não existe “poupança de osso”. De nada adianta você
fazer musculação por um ano e achar que não precisará mais fazer ao longo da
vida. A síntese óssea precisa de estímulo constante.
Qual o jeito certo de
fazer as coisas ? Após liberação médica e antes de optar por uma aula ou de
suar a camisa na bicicleta ergométrica ou esteira, procure um bom Depto. de
Avaliação Física da sua academia, clube, condomínio (se eles não têm, deveriam
ter!) ou um professor capacitado que pode te avaliar. Há 20 anos atuo nesta
área, que pode se resumir numa única palavra: orientar.
Por
exemplo, é de extrema importância você saber em qual frequência cardíaca você
pode (e deve!) se exercitar. Com a sua zona alvo de treinamento adequada você
não coloca em risco sua saúde e obtem melhores resultados no seu treinamento. A
partir da sua evolução, o professor pode ajustá-la de acordo com seu nível de
condicionamento, idade e indicação (objetivo).
O
importante é não ficar parado, certo? Errado! Um treino mal orientado ou não
indicado para você pode colocar sua saúde muito mais em risco. Aplicativos de
smartphones, que passam treinamento, tem grande utilidade no mundo moderno, pela
falta de tempo e mobilidade nas grandes cidades, porém converse com um profissional
de ed. física para ele avaliar o treino que você irá fazer sozinho.